terça-feira, 2 de abril de 2013

Geografando: Olhares do Mundo




  Assim vemos a Terra lá de cima       Assim  vemos a Terra aqui de baixo
 
 


Vejo o Mundo com outro Olhar, vejo mundo por cima dos planaltos e serras, vejo o mundo através dos satélites, vejo a terra “desvelada”, sem cortinas de paradigmas que tanto cegam e escondem a realidade. Vejo a terra de dois ângulos, lá de cima e aqui de baixo. Agora consigo perceber as injustiças e as desigualdades como uma relação de causas e consequências.
 
Tecnologias, guerras, terrorismo, mercados, favelização, população, fome, miséria, aquecimento global e etc. Esses e outros temas e conteúdos, foram-me apresentados, seguindo uma trajetória aparentemente sem “interesses” da maquina a Vapor ao Computador. Sem relação, sem contexto, sem “serventia”, foi assim que conheci a Geografia.
 
A nossa forma de ver e interpretar o mundo, é a forma como ele nos é mostrado. Existem interesses diversos em esconderem a realidade desse sistema como ele é, e nos mostrarem “outra realidade”. Uma realidade, maquiada e escamoteada tal como alguém quer nos fazer pensar que o mundo parece ser. Milton Santos (2001) discutindo sobre a globalização, ressaltou que essa, deveria ser percebida sobre três aspectos; Fabula, Perversidade Possibilidade.
 
A Geografia, a ciência que interpreta o Espaço, me possibilitou esse novo olhar sobre o mundo. Perceber as noticias e as propagandas como as fabulas da Globalização, entender a exclusão social como resultado Perverso da Globalização e indo mais adiante, enxergar nesse sistema a possibilidade de um mundo melhor. Tudo isso não seria possível, sem um olhar critico e analítico do espaço.
 
Certa vez, um Geógrafo escreveu: “Das Coisas Sem Serventia, Uma Delas é a Geografia”. Manuel Fernandes (2008), com seus escritos polêmicos, gerou muitas criticas e discussões entre seus colegas também professores da Universidade, que o acusavam de difamar a Geografia. A Geografia que esse Geógrafo falava, é a geografia que foi e ainda é mostrada nas salas de aula em todo o Brasil.
 
Yves Lacoste (1988) comenta a existência de duas geografias, uma “Geografia dos Professores” e uma “Geografia dos Estados Maiores”. A primeira muito simplória e enfadonha, já segunda não tão fácil de ser compreendida, daí ser um Espetáculo.
 
Não sei se foi da fonte da “Geografia Espetáculo” que bebi, só tenho a certeza de que não foi da fonte da Geografia simplória e nem tão pouco da geografia enfadonha. A Geografia que tomei, ou melhor, a Geografia que me tomou, me fez ver o mundo de outras formas. Sem neblina, sem cortinas, um mundo desvelado.
 
É essa Geografia que tenho tentando levar para a sala de aula, e não aquela disciplina massacrante e cheia de segredos e de interesses políticos e pessoais. Só não sei, até que ponto o nosso modelo de educação que é ditado pelos PCNs me permitirá. O certo é que continuo tentando, mesmo que seja sobre a censura do nosso retrógado sistema de ensino.
 
 
 
Por: Eriberto Pinto Moraes, Licenciado em Geografia -UERN. Professor Do Ensino Fundamental e Médio da Rede Privada De Ensino. E-mail: eripintto@yahoo.com.br ou eriberto-pinto@hotmail.com
 
REFERENCIAS:
 
LACOSTE, Yves. A Geografia – Isso Serve Em Primeiro Lugar, Para Fazer a Guerra. pirus, 1988.
 
SANTOS, Milton. Por Uma Outra Globalização; do pensamento único à consciência universal. 5. ed. Rio de Janeiro, Record, 2001.
 
SOUZA NETO, Manuel Fernandes de. Aula de geografia e algumas crônicas / Manuel Fernandes de Sousa Neto. 2ª edição. Campina Grande: Bagagem, 2008. 109p.